quinta-feira, dezembro 18, 2025
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Artigo de Carlo Fragni: O futuro do blockchain no Brasil passa pela adoção institucional

Por Carlo Fragni – Senior Software Engineer da Cartesi

O mercado cripto vem crescendo a passos largos no Brasil e a nossa adoção tem
características bastante distintas dos nossos vizinhos sul-americanos. Enquanto a adoção
de cripto em países como Venezuela e Argentina foi baseada na necessidade das pessoas
manterem seu dinheiro protegido da hiperinflação, no Brasil temos uma característica de
adoção institucional muito mais forte.

Entretanto, para que essa tendência de adoção institucional persista, há desafios. As
instituições têm demandas mais sofisticadas do que pessoas físicas que desejam apenas
proteger seu patrimônio: há necessidade de aderência a diversas regulações, inclusive de
privacidade de dados, expressividade na tradução das regras de negócio para o mundo
blockchain e maturidade na infraestrutura utilizada para movimentar altas quantias
monetárias. Esses requisitos são desafiadores, especialmente considerando que a
capacidade computacional do blockchain é bastante limitada e que o Ethereum, blockchain
com maior adoção institucional, é programado em uma linguagem criada para ele, que
ainda carece das bibliotecas e maturidade das linguagens tradicionalmente adotadas nos
sistemas tradicionais da Web2.

Na Cartesi atacamos esse problema de frente: desenvolvemos uma tecnologia open source
que permite que cada aplicação tenha um poderoso computador disponível para si,
mantendo as características de segurança e descentralização do blockchain onde for
utilizada. Esse computador tem uma arma secreta especialmente relevante para a adoção
institucional: o sistema operacional Linux. O sistema Linux é responsável por manter boa
parte da infraestrutura global, sendo responsável por operar desde aparelhos pequenos
como câmeras e eletrônicos residenciais como televisores e roteadores Wi-Fi até os
servidores que movem a internet em serviços como Google e WhatsApp. E por que isso é
relevante para a adoção institucional? O uso de Linux permite que as instituições tenham
no blockchain o mesmo ferramental com os quais estão acostumados em Web2 trazendo
não somente a expressividade necessária para implementar os sofisticados casos de uso
que demandam como também a segurança de usar bibliotecas e linguagens que já são
extremamente maduras e usadas em sistemas críticos no mundo todo em áreas sensíveis
como as financeiras e industriais.

Oportunidades a vista

O Brasil tem um enorme potencial na economia regenerativa, inclusive no mercado local e
global de créditos de carbono. No final do ano passado foi criado o Sistema Brasileiro de
Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) que permite que empresas e países compensem suas emissões por meio da compra de créditos vinculados a iniciativas de preservação ambiental. As tecnologias de blockchain tem grande potencial para soluções em crédito de carbono, pois a imutabilidade e publicidade de seus registros garantem alta transparência e auditabilidade do processo, características fundamentais para a legitimidade dos créditos de carbono. Os modelos para validação dos dados para a geração dos créditos de carbono muitas vezes são complexos e demandam alta carga de processamento, muito além do que blockchains tradicionais oferecem, e uma solução para o processamento destes dados certamente deverá fazer uso de uma tecnologia que permita efetuar esse tipo de computação mantendo as características de segurança e verificabilidade encontradas no blockchain.

Outro mercado que deve crescer muito nos próximos anos é o de produtos financeiros vindos de instituições financeiras tradicionais. Diversos bancos e instituições financeiras já
estão oferecendo a compra e venda de diversos tokens além de ETFs em Bitcoin e Ethereum, mas o próximo passo é trazer uma ampla gama de produtos que possuem
demandas computacionais mais complexas. Avaliação de risco em empréstimos, gestão de
ativos do mundo real (os famosos RWAs), robôs de trading e muitos outros produtos
financeiros devem decolar em um futuro próximo e aqueles que oferecerem soluções com
alto nível de transparência e segurança devem se consolidar como líderes, capturando o
mercado daqueles que oferecem soluções ainda muito calcadas em processamentos
centralizados que demandam confiar na entidade que os gerou.

Pedro Fonseca
Pedro Fonseca
Jornalista formado pela UNESP-Bauru (2016-2019), com MBA em Negócios Digitais pela USP Esalq (2022-2024). Possui experiência como assessor de comunicação, assessor de imprensa, redator e locutor. Já atuou em iniciativa social e em agência de comunicação, lidando com empresas e personas das áreas de saúde, autodesenvolvimento, tecnologia, empreendedorismo, entre outras.
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