quinta-feira, dezembro 18, 2025
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Artigo de João Borges: Por que o TradFi acelerou a adoção de stablecoins em 2025?

Por João Borges, Co-Founder & CRO da BlindPay

Em 2025, na comparação com 2024, as stablecoins deixaram de ser tratadas como um
fenômeno periférico do mercado cripto e passaram a ocupar um espaço mais pragmático
no radar do setor financeiro tradicional. A mudança de patamar no último ano tem menos
a ver com narrativa e mais com uma conclusão operacional: em um mundo onde empresas
operam globalmente e clientes esperam disponibilidade contínua, o dinheiro ainda se
move com fricções de outra era – janelas de liquidação, custos acumulados em camadas
intermediárias, conciliações demoradas e assimetrias entre sistemas nacionais.

É aqui que stablecoins, criptomoedas pareadas em algum ativo estável como o Dólar Americano, ganham espaço. Elas funcionam como um padrão digital de liquidação que
pode rodar 24/7 e se integrar com facilidade a produtos modernos. A melhor analogia é a
internet: quando protocolos universais se tornaram comuns, a inovação saiu da infraestrutura e foi para a borda – para os produtos. Da mesma forma, stablecoins podem
ser entendidas como uma “API financeira global”, sobre a qual instituições e empresas
constroem experiências melhores, com menos dependência de integrações fragmentadas
e mais previsibilidade na movimentação de valor. Essa leitura, inclusive, já está no centro
da forma como o mercado vem reposicionando o tema: stablecoins como camada de
produto e não apenas como ativo.

Na prática, o que virou a chave em 2025 – olhando para o degrau recente em relação a
2024 – foi a transição do debate “por que isso existe?” para “onde isso resolve um problema real?”. Em pagamentos internacionais, por exemplo, o setor tradicional sempre lidou com um trade-off incômodo entre custo, velocidade e rastreabilidade. Stablecoins entram como uma alternativa que, em determinados fluxos, reduz o atrito operacional: encurta prazos, simplifica a jornada de ponta a ponta e melhora a previsibilidade – especialmente quando o objetivo é liquidação e repasse, e não especulação.

O terceiro vetor é geográfico – e a América Latina é um exemplo didático. Em 2025, ficou
ainda mais claro, na comparação com o ano anterior, como regiões com alta demanda por
eficiência, acesso e previsibilidade tendem a acelerar a adoção quando a tecnologia resolve
dores concretas. Quando você olha para empresas locais que precisam operar globalmente, ou para usuários que querem acessar dólares digitais com fluidez, o tema deixa de ser “cripto” e passa a ser competitividade. Não por acaso, o impacto prático já é descrito como visível na região: redução de barreiras, simplificação de operações transfronteiriças e criação de novos produtos por bancos e fintechs.

Claro que adoção institucional não acontece sem “camadas de confiança”. E esse é outro
avanço importante que ganhou força em 2025: a infraestrutura ao redor das stablecoins
amadureceu. O Banco Central do Brasil estabeleceu um marco regulatório que trará
segurança e conformidade para as transações com ativos digitais. A norma cria regras para
as prestadoras de serviços de ativos virtuais (PSAVs), também chamadas VASPs (sigla em
inglês para Virtual Asset Service Provider). Além disso, custódia institucional, compliance,
monitoramento de risco e integrações com sistemas tradicionais evoluíram. Isso é o que
permite que o tema saia do laboratório e vá para o core de produto com governança,
auditoria e controles. O setor tradicional não compra promessas; compra previsibilidade
operacional.

O que estamos vendo, em resumo, é um movimento parecido com o que ocorreu na
tecnologia com a nuvem: no começo, desconfiança; depois, experimentos; em seguida,
padronização; por fim, estabilidade. Stablecoins estão seguindo uma curva semelhante,
com uma diferença relevante: o “produto” aqui é o próprio dinheiro, e isso acelera tanto as
oportunidades quanto às responsabilidades. Ao enxergá-las como infraestrutura, o
mercado redefine a pergunta: não é se stablecoins “vão existir”, mas como elas vão estar
embutidas em contas, pagamentos, liquidações e produtos B2B sem que o usuário final
sequer precise saber o nome da tecnologia.

A mensagem principal é direta: em 2025, na comparação com 2024, a adoção de stablecoins pelo setor financeiro tradicional acelerou por um motivo simples – elas atacam
fricções estruturais da movimentação global de valor. Só entre janeiro e julho, o volume
on-chain de transações com stablecoins globalmente superou USD 4 trilhões, marcando o
maior volume anual registrado até então. E, como toda infraestrutura que vira padrão, elas
tendem a desaparecer do discurso e aparecer no cotidiano. O futuro do dinheiro, cada vez
mais, será a consolidação de camadas e stablecoins já começaram a se firmar como uma
delas.

 

Pedro Fonseca
Pedro Fonseca
Jornalista formado pela UNESP-Bauru (2016-2019), com MBA em Negócios Digitais pela USP Esalq (2022-2024). Possui experiência como assessor de comunicação, assessor de imprensa, redator e locutor. Já atuou em iniciativa social e em agência de comunicação, lidando com empresas e personas das áreas de saúde, autodesenvolvimento, tecnologia, empreendedorismo, entre outras.
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