quarta-feira, dezembro 4, 2024
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Comunidade cripto, exchanges e bancos se unem contra Banco Central 

O Banco Central do Brasil propôs uma medida polêmica que tem causado repercussão no mercado de criptomoedas. A ideia é proibir a transferência de stablecoins, como USDT e USDC, para carteiras de autocustódia, como a MetaMask. Essa proposta faz parte da consulta pública CP 111, lançada em 29 de setembro e visa regular o mercado de câmbio envolvendo stablecoins.

A comunidade cripto, exchanges, bancos e até instituições financeiras manifestaram insatisfação. O artigo 76-N da proposta proíbe que empresas de ativos virtuais permitam a transferência de stablecoins para carteiras não custodiais. Mas essa medida tem gerado críticas por ser considerada um retrocesso para o mercado cripto no Brasil.

Por que a proposta gerou tanta polêmica?

O artigo 76-N estabelece:

“É vedado à prestadora de serviços de ativos virtuais efetuar transmissão de ativo virtual denominado em moeda estrangeira para carteira autocustodiada.”

Nos bastidores, empresas de criptomoedas e bancos já começaram a se mobilizar contra a medida. Mas, embora nenhuma tenha se manifestado publicamente até agora, conversas informais revelam descontentamento unânime. 

Então, muitos acreditam que a proibição fere a autonomia dos usuários e prejudica a entrada de novas instituições no setor. Além disso, especialistas apontam que a proposta vai na contramão das recentes políticas pró-cripto adotadas pelo Banco Central. 

Os bancos acreditam que limitar a autocustódia não ajuda a combater crimes financeiros, como lavagem de dinheiro, e ainda pode enfraquecer o mercado brasileiro.

Enquanto bancos e empresas preparam documentos oficiais para contestar a medida, a comunidade cripto já está ativa no site Participa + Brasil, onde a consulta pública está aberta até 28 de fevereiro de 2025. O artigo 76-N já recebeu mais de 50 contribuições, todas contrárias à norma.

Os argumentos principais contra a proposta do Banco Central são: 

  • a autocustódia é um direito constitucional, relacionado à propriedade privada
  • aumenta a segurança financeira 
  • reduz riscos como hacks 
  • reduz golpes e fraudes sofridos pelas exchanges

“É essencial para a autonomia dos cidadãos que possamos guardar os ativos em autocustódia, sem isto ficaremos à mercê de governos autoritários, hacks e golpes.” – afirmou João Victor de Souza Maciel em sua contribuição.

Assim, outros usuários enfatizaram que limitar a liberdade dos investidores compromete o desenvolvimento do mercado de criptomoedas no país.

Banco Central e o futuro das stablecoins

Pedro Nascimento, coordenador do departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, informou que as contribuições da consulta pública serão analisadas e as novas regras devem ser publicadas até junho de 2024. Até lá, empresas, bancos e usuários têm a chance de influenciar o resultado final.

Portanto, essa medida surge em um momento de maior atenção regulatória do BC. Além da CP 111, o órgão lançou consultas sobre outras questões no mercado de criptoativos, incluindo a proibição do uso de criptomoedas focadas em privacidade, como Monero, em exchanges brasileiras.

Em resumo, a discussão está longe de terminar, mas o mercado brasileiro de criptomoedas segue atento aos próximos passos do Banco Central.

Paulo Cardoso
Paulo Cardoso
Formado pela PUC-RJ (2002) em Jornalismo, com Pós Graduação na ESPM-RJ (2006) em Comunicação com o Mercado. Trabalhou em rádio, jornal, editora de livros como revisor e agências de publicidade como redator, estratégia de negócio e social media. Editorias trabalhadas: entretenimento, futebol, política, economia, petróleo, marketing, negócios, iGaming e tecnologia.
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