Em 2009, Giselle Coelho, então residente de neurocirurgia pediátrica, enfrentava o nervosismo ao realizar sua primeira neuroendoscopia cerebral em um bebê. “Aquilo me incomodou um pouco. Eu pensei: eu deveria treinar isso antes de fazer a cirurgia real.” – recorda. Então, essa inquietação a levou a criar um projeto inovador: bonecos simuladores no metaverso para ajudar estudantes de medicina, garantindo a segurança dos pequenos pacientes.
Metaverso é a revolução do treinamento médico
A iniciativa começou com versões artesanais, mas evoluiu para a EDUCSIM, empresa que hoje produz bebês simuladores e treinamentos virtuais. A mais recente inovação da EDUCSIM permite o treinamento de cirurgiões no metaverso. Essa inovação promete aumentar em 15 vezes o valor de mercado da empresa.
Assim, a tecnologia foi apresentada recentemente para médicos e pesquisadores de instituições renomadas como Harvard, MIT e Babson, durante um evento em Boston, nos EUA. A prova de conceito, realizada em dezembro do ano passado, custou cerca de US$ 600 e foi um sucesso.
Dra. Giselle, que não possui sócios nem investidores além de sua mãe, acredita que este é o momento de expandir. “É hora de abrir a rodada de investimentos, capacitar mais profissionais e escalar para outras especialidades e para todo o mundo.” – afirma entusiasmada.
Cirurgias em um ambiente de simulação
A EDUCSIM já possui uma versão escalável de sua tecnologia de holoportação. Com ela, Giselle pretende permitir que o Dr. Benjamin Warf, parceiro da empresa e renomado neurocirurgião do Boston Children’s Hospital, possa ensinar médicos de todo o mundo sem sair de casa usando o metaverso.
A tecnologia funciona com óculos de realidade aumentada, permitindo que o médico opere o boneco simulador enquanto interage com um avatar virtual do instrutor na sala de operações.
Dessa forma, existem dois modelos: assíncrono e síncrono.
O primeiro utiliza um avatar virtual pré-gravado, que futuramente poderá usar inteligência artificial para responder perguntas. O segundo modelo conta com o avatar controlado pelo próprio médico, que se comunica remotamente.
A primeira holoportação da EDUCSIM foi realizada em um hospital na Amazônia. Giselle, com convicção, enxerga o poder transformador que pode impactar vidas em regiões remotas ou carentes. “A holoportação permite ser instruído pelo professor sem ele estar fisicamente presente. É uma mudança de paradigma total.” – explica.
O treinamento da simulação da EDUCSIM, que ensina o procedimento do Dr. Warf para tratamento da hidrocefalia cerebral, tem um índice de sucesso de 90%. Giselle sente-se motivada ao ver o impacto de seu trabalho. “Recebi uma foto de um garotinho que a gente operou no ano passado, e ele já está com um ano. Coisa mais linda. Mudar a vida dessas crianças é a maior motivação que tenho”, conclui.
Portanto, a EDUCSIM não só transforma a educação médica, mas também projeta um futuro onde a tecnologia no metaverso e a realidade aumentada possam salvar vidas ao redor do mundo.