A Durlicouros, segunda maior empresa brasileira de couro bovino, atingiu um marco significativo recentemente: a produção de 200 mil brincos para animais com rastreamento por blockchain. Essa tecnologia avançada está revolucionando a maneira como a rastreabilidade do couro é realizada, desde a origem até o consumidor final.
Investimentos milionários em blockchain
A implementação do sistema de rastreabilidade blockchain pela Durlicouros envolve um investimento que já ultrapassa R$ 2 milhões. Flávio Redi, CEO da Ecotrace, empresa paulista responsável pela implantação da tecnologia, destaca que esse montante abrange a aquisição de brincos, maquinário e o desenvolvimento de software especializado.
Além de atender às demandas do mercado, a movimentação da Durlicouros também reflete as exigências internacionais e nacionais sobre a modernização do processo de rastreamento das cargas de couro.
As exportações de couro do Brasil cresceram 15,4% no primeiro semestre de 2024, totalizando R$ 650 milhões, comparado ao mesmo período de 2023. Além disso, houve aumentos significativos de 24,4% na área e 42,8% no peso das exportações, conforme dados do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).
“A blockchain é uma tecnologia avançada utilizada para digitalizar a rastreabilidade e tornar a informação acessível, com segurança e transparência em toda a cadeia, desde a origem até o consumidor final.” – explica Flávio Redi.
A Durlicouros utiliza tecnologia de rastreabilidade com brincos e QR codes para fornecer informações detalhadas sobre cada animal e validar sua origem por meio de certificação responsável.
Transparência para o consumidor global
A empresa, que iniciou suas atividades há 64 anos no Rio Grande do Sul e hoje está sediada em São José dos Pinhais, no Paraná. Ela envolve uma rede ampla para garantir a rastreabilidade completa do couro.
O gerente de sustentabilidade da Durlicouros, Ivens Domingos, informa que a base de dados da blockchain inclui 53 produtores do Pará, formando uma cadeia de produção que vai do produtor rural até o curtume.
Ivens Domingos ainda destaca que, com o uso da blockchain, o curtume fornece dados completos. Isso permite que seus clientes de qualquer parte do mundo acessem informações sobre conformidade e rastreabilidade.
Dessa forma a parceria entre a Durlicouros, Ecotrace, frigoríficos e produtores rurais garante que todos participem de todas as fases do processo. Ou seja, desde a produção do couro até a sua certificação.
Rastreabilidade com garantias sociais e ambientais
A tecnologia de rastreamento também contempla a verificação de conformidade com normas ambientais e sociais. Alexandre Mauli, gerente de Tecnologia da Informação da Durlicouros, explica que o processo de rastreamento começa com o geoprocessamento automatizado dos dados dos produtores.
Assim, a validação das informações inclui:
- consultas às plataformas dos governos federais e estaduais
- checagem de dados sociais das fazendas junto aos órgãos da justiça
A certificadora valida os dados dos animais e garante que cada um tenha uma identificação única, desde o nascimento até o abate. O protocolo da Durlicouros exige que as fazendas estejam livres de trabalho escravo e infantil.
Além disso, elas não podem estare localizadas em áreas de desmatamento ou em regiões da Amazônia. Os frigoríficos recebem esses critérios por meio de parcerias com integradores, o que garante um sistema robusto de rastreabilidade.
Mas o processo de rastreamento continua até o momento do abate. A etiqueta com a chave de identificação do animal é gravada a laser em ambos os lados da cabeça. Assim, após o abate, usa-se essa chave para ler as informações na pele do animal.
Alexandre Mauli explica que, antes da paletização, realizam uma segunda gravação com QR code, facilitando a leitura em alta velocidade e garantindo a rastreabilidade de cada couro, do nascimento até a entrega.