A Receita Estadual do Rio Grande do Sul, em parceria com a Polícia Federal (PF), desmantelou um esquema de contrabando de grãos que utilizava criptomoedas. A “Operação Tebas” mirou criminosos que usavam portos clandestinos no Rio Uruguai para contrabandear soja para a fronteira.
Criptomoedas faziam parte dos bens apreendidos
A operação complexa envolveu um expressivo número de autoridades:
- 14 auditores fiscais
- 3 técnicos tributários
- 1 policial militar
- 54 federais envolvidos, 14 atuaram como delegados
Este esforço coletivo culminou no cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão nas cidades de Tiradentes do Sul (RS), Crissiumal (RS) e Curitiba (PR). Assim, o resultado da operação foi:
- Aproximadamente R$ 80,8 milhões foram bloqueados em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas
- Arresto de veículos e imóveis
- Uma quantidade não divulgada de criptomoedas também foi bloqueada
Ricardo Neves Pereira, subsecretário da Receita Estadual, destacou que a operação fortalece a luta contra ilícitos tributários no agronegócio do RS.
“A Receita Estadual consolida essa importante frente de atuação com a Polícia Federal para combater esse problema recorrente na região Noroeste do Estado.” – afirmou.
Na trilha do contrabando
As investigações da Operação Tebas começaram em 2021, quando surgiram os primeiros indícios de atividades suspeitas. Naquele período, os agentes de segurança detectaram indícios alarmantes de que as cargas fiscalizadas não apresentavam origem lícita ou pior, tinham notas fiscais fraudulentas. Isso levantou suspeitas de contrabando de grãos provenientes da Argentina.
Mas, com o passar do tempo, a Polícia Federal identificou uma “fraude fiscal estruturada”. Um grupo criminoso utilizava empresas fictícias para mascarar a origem ilícita das mercadorias.
Assim, eles contrataram sócios-laranja, que, muitas vezes, tinham até recebido auxílio emergencial durante a pandemia de Covid-19.
Então, num primeiro momento, os criminosos tentaram convencer a fiscalização de que suas mercadorias eram legítimas, apresentando notas fiscais adulteradas. No entanto, o aumento da pressão nas áreas de fiscalização os forçou a buscar ainda mais documentos falsos provenientes de empresas brasileiras.
Dessa forma, estima-se que a quadrilha tenha conseguido contrabandear aproximadamente 100 mil toneladas de grãos, utilizando os portos clandestinos como principais rotas de escoamento.
Por último, a Receita Estadual identificou um escritório de contabilidade em Curitiba. O local desempenhou um papel fundamental na criação das empresas fictícias que os criminosos usaram nesse esquema.
Em resumo, a Operação Tebas, além de neutralizar o contrabando de grãos, também foi decisiva na interseção de crimes usando novas tecnologias, como as criptomoedas. Essa dinâmica ressalta a necessidade de um monitoramento mais rígido sobre novos métodos utilizados por criminosos na era digital.