Na última quarta-feira (09), a Polícia Federal (PF) desmantelou uma rede de lavagem de dinheiro que usava criptomoedas. A ação, parte da Operação Alcaçaria, revelou crimes financeiros complexos. No mesmo dia, a Operação Privilege também ocorreu, abrangendo várias regiões do Rio Grande do Sul.
Montantes envolvidos em criptomoedas
De acordo com informações da PF, foram cumpridos 62 mandados de busca e apreensão, além de 10 prisões preventivas e três prisões temporárias em nove estados. Os agentes não apenas apreenderam criptoativos, mas também conseguiram bloquear bens imóveis, veículos e valores em contas de investigados. Outro ponto alarmante foi a apreensão de uma quantidade significativa de gado, encontrado em uma propriedade rural pertencente a um dos líderes do grupo.
A investigação, que se estendeu por cerca de três anos, revelou práticas alarmantes. A organização movimentou aproximadamente R$ 1,2 bilhão em espécie, realizando depósitos diários em contas de fachada.
Essas contas eram mantidas em nome de sócios laranjas, possibilitando que a lavagem do dinheiro se camuflasse diante do sistema bancário. Parte desse montante foi convertida em criptoativos e, em seguida, transferida para carteiras no exterior. Os criminosos trocaram os fundos por dólares e financiaram atividades ilícitas, como a compra de drogas e armas.
Então, com esses recursos, a PF conseguiu rastrear operações significativas do grupo. Entre as transações, destacam-se a aquisição de um imóvel luxuoso em Itapema (SC) e o financiamento de cirurgias para estrangeiros em hospitais de alto padrão em São Paulo. A magnitude desses crimes levanta preocupações sobre a eficiência da fiscalização sobre o uso de criptoativos.
O papel das exchanges e empresas de fachada
As investigações da PF continuam a aprofundar o caso, e há indícios de que outras empresas de fachada estavam envolvidas no esquema. Então, a existência de exchanges que facilitaram a conversão de dinheiro fiat em criptoativos também está sob investigação.
O departamento jurídico da PF indicou que o grupo responderá por diversos crimes, incluindo:
- organização criminosa
- lavagem de dinheiro
- evasão de divisas
- operação de instituição financeira ilegal
- uso de documento falso
Além disso, a operação teve desdobramentos imediatos. Quatro indivíduos investigados na Operação Alcaçaria também estavam sendo monitorados na Operação Privilege, que ocorreu no mesmo dia no Rio Grande do Sul. Ou seja, a Privilege resultou na prisão de 17 pessoas, sendo 11 alvos principais e outros três em flagrante por posse irregular de armas.
A Operação Privilege, de acordo com a PF, desmantelou a atuação de um braço do grupo criminosa que operava nas regiões do Vale dos Sinos e na Fronteira Oeste do RS. Estima-se que essa facção movimentou mais de R$ 770 milhões nos últimos cinco anos, o que coloca em evidência a complexidade e a abrangência desses delitos.
A atuação da Polícia Federal não apenas revela a luta contra o crime organizado, mas também potencializa a discussão sobre a regulamentação do uso de criptomoedas no Brasil. Com o crescimento do mercado de criptoativos, torna-se imprescindível que medidas eficazes sejam implementadas para coibir atividades ilícitas que exploram o sistema financeiro.
Portanto, a população e os demais setores da sociedade precisam estar atentos a essas questões, pois a integração entre tecnologia e finanças também abre espaço para práticas criminosas que afetam a todos.