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Suíça explora a mineração de Bitcoin para estabilizar sua rede elétrica

O parlamento do Cantão de Berna, na Suíça, aprovou uma moção para fazer a mineração de Bitcoin. A medida serviria como solução para estabilizar a rede elétrica e aproveitar energia excedente. Apresentada em 14 de março de 2024 pelo Grupo Parlamentar Bitcoin, a proposta foi aprovada por 85 votos a 46, apesar da resistência do governo.

O que diz a lei aprovada sobre mineração de Bitcoin

A proposta “Estratégia Cantonal Bitcoin III” visa tornar Berna um centro para empresas de Bitcoin, aproveitando energia excedente e criando novas oportunidades econômicas.

A moção aprovada instrui o governo do cantão a explorar como a mineração de Bitcoin pode otimizar o consumo de energia excedente e ajudar a estabilizar a rede elétrica durante variações no fornecimento. O governo recebeu a tarefa de elaborar um relatório que aborde três pontos principais: 

  • Identificar áreas com energia não utilizada em Berna.
  • Avaliar como a mineração de Bitcoin pode utilizar esse excedente, em parceria com empresas de mineração suíças.
  • Estudar o potencial da mineração para estabilizar redes elétricas durante variações na oferta de energia.

Como destaca a proposta, “As empresas de mineração de Bitcoin trazem investimentos, criam empregos e ajudam a desenvolver fontes de energia renováveis ​​em muitos lugares ao redor do mundo.”

A proposta recebeu amplo apoio de diversas facções políticas, incluindo o Partido Popular Suíço, o Partido Liberal Verde, o Partido do Centro e a EDU. Surpreendentemente, até mesmo alguns membros de grupos de esquerda-verde se alinharam com a proposta. 

Samuel Kullmann, representante da EDU e principal defensor da moção, comemorou a vitória. “Embora o debate tenha sido fortemente influenciado pelos argumentos clássicos do FUD (medo, incerteza e dúvida) e não tenha entendido o ponto, a proposta acabou encontrando uma maioria clara”, afirmou Kullmann.

Comparação com o Texas 

O modelo proposto em Berna não é inédito. A moção sugere que Berna siga o exemplo do Texas, onde mineradores de Bitcoin ajudaram a equilibrar a oferta e a demanda de energia. Fazendo isso a região consegue estabilizar as redes elétricas.

Entretanto, a proposta encontrou resistência. O conselho governamental havia recomendado anteriormente a rejeição da moção, citando preocupações com o consumo de energia, a concorrência com outros setores e o status de moeda não oficial do Bitcoin. Mesmo assim, a votação acabou refletindo uma mudança de visão.

Ou seja, o debate sobre a mineração de Bitcoin vai além da economia, com críticas focadas no alto consumo de energia, que, segundo alguns, supera o de países inteiros.

Em março de 2024, o Greenpeace criticou a mineração de Bitcoin por seus laços com combustíveis fósseis. Porém, estudos recentes indicam que proibições podem não ter o efeito esperado e reduzir as emissões esperadas.

Pesquisas recentes apontam que proibir a mineração de criptomoedas pode aumentar as emissões de carbono, já que as operações se transferem para países com fontes de energia menos sustentáveis.

Portanto, mesmo com as críticas, os defensores da mineração de Bitcoin argumentam que a atividade pode, na verdade, atuar como um consumidor de energia flexível. Pois isso ajudaria a aproveitar o excedente de eletricidade, transformando-a em algo produtivo, em vez de deixá-la ser desperdiçada.

Paulo Cardoso
Paulo Cardoso
Formado pela PUC-RJ (2002) em Jornalismo, com Pós Graduação na ESPM-RJ (2006) em Comunicação com o Mercado. Trabalhou em rádio, jornal, editora de livros como revisor e agências de publicidade como redator, estratégia de negócio e social media. Editorias trabalhadas: entretenimento, futebol, política, economia, petróleo, marketing, negócios, iGaming e tecnologia.
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