O Brasil está vivenciando um boom na importação de Bitcoin, conforme revelado pelo Banco Central (BC). Em março, a importação de Bitcoin atingiu um novo recorde, com um aumento de 118%, totalizando US$ 1,751 bilhão. Isso contribuiu para o déficit no saldo entre importações e exportações do país.
Aumento da “importação” de criptoativos para o Brasil
Nos últimos 12 meses, mais de US$ 14,8 bilhões em criptoativos foram ‘importados’ para o Brasil. As exchanges de criptomoedas nacionais, que compram BTC de mineradores no exterior para adicionar liquidez às plataformas no país, impulsionam principalmente esse movimento.
Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, destacou que “esse número de importação de criptoativos não é desprezível, pelo contrário, é um número bastante relevante, que já está pesando na balança”.
Dados do BC indicam que cerca de 99,7% das compras internacionais de BTC não são realizadas por pessoas físicas. Empresas de criptomoedas realizam essas compras, adquirindo Bitcoin para revender aos clientes no Brasil.
Então, a maioria das criptomoedas que chegam às exchanges brasileiras estão localizadas em países como EUA, Hong Kong, Singapura, Ilhas Virgens Britânicas e Reino Unido.
Mas o BC segue a metodologia do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o tratamento de criptoativos semelhantes ao Bitcoin. Ou seja, classificamos eles como ativos não-financeiros, já que, mesmo sendo ativos, não representam passivos de uma contraparte emissora.
Dessa forma, as negociações de Bitcoin vêm impactando a balança comercial do Brasil desde 2019. Nesse ano o BTC e as criptomoedas passaram a constar no cálculo da Balança Comercial do Banco Central.
Mineradores brasileiros fora do país prejudicam a balança comercial
Além disso, consideramos a atividade de mineração como “um processo produtivo”, que integra a balança comercial. A entrada crescente de brasileiros na mineração, embora realizada fora do país, está contribuindo para o aumento do déficit comercial.
Segundo o BC, “as criptomoedas não possuem registros aduaneiros e não estão incluídas nas estatísticas de comércio exterior de mercadorias. Assim, estimamos as transações com criptoativos com base em contratos de câmbio para inclusão na balança comercial do balanço de pagamentos”.
Portanto, o valor total das transações com cripto apresenta trajetória ascendente. Além disso, o valor médio das transações mantém-se acima de US$ 100 mil desde 2018. A instituição também destaca que os fluxos transnacionais de criptoativos têm crescido de forma expressiva.
“A relativa ausência de exportação deve-se, entre outros fatores, ao alto custo de eletricidade no Brasil, o que inibe a mineração de criptomoedas. Esse argumento está respaldado por dados do FMI, que afirma que 80% da mineração mundial de Bitcoin tem sido realizada em apenas quatro países: China, Geórgia, Suécia e EUA.” – afirma o relatório do BC.